Coordenadora: Maria do Socorro B. de Lima
Integrantes: Andréa Simone Gomes Rente Leão, Erika Vanessa Moreira Santos, Karina Kato, Leandro Bruno Santos, Sandro Augusto Viégas Leão, Sérgio Pereira Leite, Vanuza da Silva Pereira Ney, Valdemar João Wesz Júnior.
Resumo:
A expansão de novos fronts na Amazônia brasileira dinamizado pela cultura da soja constitui uma realidade importante desta região sendo responsável por profundas transformações do território de forma descontínua, marcada por intencionalidades e, particularidades específicas. Os dois novíssimos fronts agrícolas estão localizados nos municípios dos estados de Roraima e Amapá extremo Norte da Amazônia. Estes fronts são expressão nítida da complexa dinâmica geográfica da acumulação do capital produzida constantemente nas escalas global/local. Sua compreensão prescinde tanto do conhecimento generalizado das dinâmicas do regime agroalimentar em escala global como do conhecimento das especificidades locais, em termos das dinâmicas e processos sócio-territoriais e da atuação de um conjunto de atores hegemônicos e não hegemônicos. Entre outros aspectos originados a partir das transformações em curso, observa-se um processo constante de reordenamento e reestruturação territorial destas regiões, mudança na matriz produtiva, processos de financeirização da terra, da produção, circulação de capital, trabalho e mão de obra, além dos fatores socioambientais relacionados ao desmatamento, a perda da biodiversidade e aos conflitos sócio-territoriais. Por sua importância, o estudo dos novos fronts agrícolas e dos arranjos políticos-institucionais em curso, requer um olhar mais acurado e interdisciplinar que amplie a compreensão crítica das formas de inserção produtiva e mercantil da Amazônia setentrional aos circuitos espaciais de produção e comercialização, em particular, aquelas empreendidas pela atuação das corporações nacionais e transnacionais agroalimentares ligadas a cadeia da soja, em sua estratégia deliberada de apropriação e uso corporativo do território e de seus recursos, bem como das repercussões em termos sociais, políticos, institucionais, ambientais e territoriais. A análise se debruçará na busca do entendimento e aprofundamento da dinâmica que envolve estes novos fronts agrícolas no conjunto das estratégias nacional e da atuação das corporações para inserção da região aos circuitos de produção, comercialização e logística ao mercado global, sem perder de vista sua articulação e implicações sobre os espaços urbanos, a vida social e política das cidades no plano nacional/regional. A pesquisa tem abordagem qualitativa que em linhas gerais busca analisar o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes e/ou ações dos atores sociais investigados, no sentido de aprofundar as relações, os processos e os fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização apenas de variáveis quantitativas. O desenho da pesquisa contempla o aprofundamento teórico-metodológico de temas como o regimento agroalimentar corporativo, a compreensão das desigualdades geográficas, a dinâmica dos processos de financeirização e o (re)ordenamento territorial e produtivo. Para isso, realizar-se-á pesquisa documental, levantamento e tratamento de dados estatísticos e mapeamento georreferenciado dos fenômenos investigados. Ao término da pesquisa objetiva avançar no debate teórico-metodológico sobre o tema dos regimes agroalimentares corporativos e na compreensão das dinâmicas e processos em curso nesta novíssima fronteira agrícola da Amazônia brasileira, colaborando para um maior entendimento das interrelações e dinâmicas gerais da acumulação e reprodução do capital em nível global e do papel que a Amazônia e o Brasil desempenham neste contexto.