Estudos como os de Norbert Elias (Estabelecidos e Outsiders) demonstram que a identidade de um grupo tem numa certa referência espacial um importante ponto de apoio. Mas, podemos ir um pouco mais além: é importante examinar como essa identidade é operada num contexto conflitivo.

O ato de classificar as propriedades que definem e legitimam um sentimento de identidade implica no estabelecimento da definição de um  “nós” em contraposição a um “outro”. No momento em que há uma força que tenta estabelecer uma visão legítima e autorizada sobre as divisões do mundo, atua-se, consequentemente, no sentido de fazer e de desfazer os grupos.  Portanto, um grupo social qualquer é sempre fruto de uma construção, de um trabalho de imposição de categorias e princípios, para o qual o papel de um discurso coerente sobre a identidade e unidade desse grupo tem um papel capital. Mas não é qualquer discurso que é capaz de tornar real aquilo que ele enuncia. É necessário que esse discurso tenha autoridade, ou melhor, que ele seja enunciado por alguém que detenha autoridade, devidamente reconhecida.

Assim sendo, as referências espaciais que figuram como marcos da identidade dos grupos também podem ser vistas como um importante indicador do processo de correlação entre grupos sociais. Nesse sentido cabe indagar como a disputa pelo poder entre grupos atua na moldagem da dinâmica territorial de um determinado lugar.

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